Cocaína deve desbancar petróleo e se tornar principal produto de exportação da Colômbia neste ano
Produção da droga chegou ao nível mais alto desde 1991, com receitas que se aproximaram de US$ 20 bilhões anuais. Área de plantação de coca já é maior que a da cidade de São Paulo
Em um momento de expansão do narcotráfico na Colômbia, a cocaína está próxima de se tornar o principal produto de exportação do país, ultrapassando o petróleo. A estimativa foi feita pela Bloomberg Economics, que projeta que o negócio ilícito tenha sido responsável por 5,3% do PIB do país no ano passado.
O relatório aponta que as exportações da droga saltaram para US$ 18,2 bilhões em 2022, logo atrás da receita gerada com as exportações de petróleo, que encerraram o ano em US$ 19,1 bilhões. O cálculo da consultoria leva em consideração o preço do produto no mercado ilegal e diferença entre a produção e as apreensões da droga.
Mudança na política para drogas
Felipe Hernandez, economista responsável pelo estudo, indica que, em 2023, a tendência tem sido de encolhimento no mercado de petróleo, que encolheu 30% no primeiro semestre, enquanto a produção de cocaína ganha espaço no país. Com isso, a droga deve substituir a commodity como principal item na pauta de exportação da Colômbia ainda este ano.
— O governo está destruindo laboratórios onde as folhas de coca são transformadas em cocaína, mas isso não impediu a expansão da produção — analisa Felipe Hernandez, economista da Bloomberg, que cita a abordagem atual do governo para drogas como um dos fatores do crescimento do narcotráfico.
A Bloomberg lembra que o presidente Gustavo Petro tem implantado uma nova política em relação ao tráfico de cocaína no país, que busca atingir mais os traficantes que se beneficiam da venda do entorpecente do que os produtores da coca, que acabam sendo o elo mais frágil da cadeia.
Um relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime publicado nesta semana mostrou que a produção de cocaína na Colômbia atingiu 1.738 toneladasem 2022, o nível mais alto desde 1991.
A extensão do território com plantações de coca, matéria-prima da droga, aumentou em 13% em relação ao ano anterior e chegou a 230 mil hectares, território maior que a cidade de São Paulo e quase duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.