COLUNAPASTOR ERI ALVES

Servir é o Melhor da Vida – Por Eri Alves

Foto: Ilustração/ Reprodução

Era início de noite. As portas já estavam fechadas. As ruas, horas antes agitadas pela presença dos peregrinos, enfim começam a esvaziar-se. Os que ainda passam por elas, apressam os passos. A ânsia que os leva a um especial jantar de celebração em nome da liberdade. Esta, apenas lembrada, pois tolhida fora pelos romanos. O governante de plantão não era o libertador que fez proezas no antigo Egito.
A festa era só de reminiscências religiosas e culturais, não mais que isso. Entre os domicílios anônimos da antiga Jerusalém, um de endereço incerto e de dono não sabido. O que se diz é sobre uma sala mobiliada para refeição, que seria oferecida pelo rabino de Nazaré. Melhor dizendo, ele a refeição pascal. O cordeiro que tira o pecado do mundo (Joao 1:29). Por outro lado, é de se imaginar que o escuro da noite era pontuado pelos lampejos das lamparinas. Existiam naquele lugar muitos espaços escuros.
Todavia, a penumbra maior não estava entre às quatro paredes, mas no coração de alguns convidados para aquele jantar. Judas, completamente atormentado, ansiava trair o anfitrião. Deste recebendo até uma porção de pão, pois em seu ser, misturava-se a agonia ao amor. E o mais dramático era que o traído sabia que em algumas horas estaria preso e condenado a morte. O jantar, que parece está só começando, desenrola acontecimentos singulares.
O verdadeiro libertador se declara o sacrifício que garantia a vida para todos. Era uma aliança no sangue do próprio mestre. Ninguém entendeu o que Jesus estava dizendo. E nem muito também entenderam quando o Filho de Deus passou a ensinar a lição do servir, mesmo quando se é Senhor. Jesus, o Senhor que se faz servo.

O Deus que se faz homem para redimir os pecadores. O narrado acima encontra amparo no evangelho de João 13. Jesus lava os pés dos seus discípulos e enxuga com uma das peças de sua roupa. Com uma tolha, Cristo Jesus ensina o amor pelo servir. A partir daquele jantar, compreende-se que toda liberdade surge pelo gesto de doar e se doar. É o está preso ao próximo pelo vinculo do serviço. É a lógica do Reino dos Céus em que o maior serve ao menor e o primeiro passando ao último lugar. Não exagero dizer que servir é exercer poder. Ajudar é dispensar misericórdia, o dinamis que nem um déspota terá a capacidade de uso.

O humanista Mahatma Gandhi estava certo ao afirmar que quem não vive para servir, não serve para viver. Boaventura, teólogo italiano, expoente da igreja no século XIII, escreveu que: “Não basta a leitura sem a unção, não basta a especulação sem a devoção, não basta a pesquisa sem maravilhar-se; não basta a circunspecção sem o júbilo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça”.

Nada mais antológico do que o estender esforços em prol do outro. É a bondade que se encarna na caridade. A fé que se efetiva nas obras, serviços que efetivam valores no próximo (Tiago 2:26). Para os mesmos discípulos que estiveram na ceia da páscoa, dias antes, Jesus disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também (João 6:17). De outra forma pode-se dizer que Deus serve ao homem por meio do Messias. Ele, hoje, estando à direita do Pai, intercede em respostas às orações dos pequeninos (Romanos 8:34). Que a mão do homem em interação com a do outro, sejam conchas que alimentam os famintos. Servir é ser, ser quem o homem é. A imagem do Senhor.

Eri Alves

Eri Alves – Pastor e Jornalista

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