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População em situação de rua cresceu 38%, nos últimos três anos, no Brasil

Apesar de não ser o único motivo, a falta de renda é a principal causa a levar uma pessoa a viver em situação de rua, afirma Marco Natalino, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Uma travessa da Avenida Paulista. — Foto: André Catto/g1

A população em situação de rua no Brasil cresceu 38% nos últimos três anos, e passa de 281 mil pessoas, segundo estimativa do Ipea.  O  salto foi de 211% em dez anos. Apesar de não ser o único motivo, a falta de renda é a principal causa a levar uma pessoa a viver em situação de rua, afirma Marco Natalino, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“O fator econômico inclui falta de renda e de oportunidade de trabalho nos locais de moradia. Isso se manifesta também no caso de pessoas que até têm uma habitação longe dos grandes centros, mas passam a semana ou vários dias dormindo de forma improvisada nas ruas e trabalhando como lavador de carro, ambulante e outras coisas”, diz.

Cenário nacional

 

O país carece de dados oficiais sobre pessoas em situação de rua. Essa população ficou de fora inclusive do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contempla apenas pessoas domiciliadas.

Natalino explica que mapeamentos são essenciais para a elaboração de políticas públicas voltadas a essas pessoas. O estudo conduzido por ele – justamente com esse objetivo – estima o tamanho da população em situação de rua com base em dados de prefeituras e do Cadastro Único, do governo federal.

Os números consolidados de 2022 apontam pelo menos 281.472 pessoas vivendo nas ruas pelo país, o que representa uma alta de 38% em relação a 2019, período pré-pandemia.

“A partir de 2015, houve crescimento da população em situação de rua motivado pelo fator econômico, com aumento do desemprego, da informalidade, queda da renda e da alta da pobreza”, analisa o pesquisador, apontando o agravamento da situação com a crise sanitária de Covid-19.

Com a dificuldade de consolidação de dados por parte do poder público, os números reais, no entanto, podem ser ainda maiores.

Salto em um ano – A crise financeira também atingiu em cheio Mateus Albuquerque da Silva, de 23 anos, irmão de Cris. Ele tinha uma renda média mensal de R$ 2 mil, mas perdeu os bicos e não conseguiu se recolocar. O salto foi de 21% – 232.147 pessoas – para os atuais 281.472 brasileiros vivendo nessas condições.

Como frear esse cenário?

O primeiro passo para aprimorar as políticas públicas voltadas à população em situação de rua é melhorando os indicadores, diz Natalino. “Precisamos, primeiro, conhecer melhor essa realidade, para aí podermos tratar adequadamente.”

Em seguida, ele elenca alguns pontos considerados essenciais para amenizar a situação:

Políticas de transferência de renda

São uma espécie de “vacina” contra os efeitos deletérios da pobreza sobre a vida das pessoas, afirma. “Há uma política de seguro desemprego. Mas, muitas vezes, como não há emprego formal pra essa população, o ideal são políticas de transferência de renda como o Bolsa Família.”

“Seria interessante pensarmos em transferências de renda pontuais para as situações de choque econômico. Às vezes é o desemprego ou a morte da pessoa provedora econômica da família que leva a essa situação de vulnerabilidade. E pode resultar não só em uma situação de rua, mas uma série de outros problemas derivados da pobreza”, alerta.

Melhora na infraestrutura da assistência social

Isso inclui um atendimento mais digno em espaços de convivência e atendimento psicossocial, além da melhora dos albergues e dos abrigos sociais, com ambientes mais limpos e tratamento de melhor qualidade.“Eu chamo esse aspecto de reordenamento institucional das políticas de assistência social”, diz o pesquisador.

 

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