COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS – Os jardins Tambauzinho e Miramar

Na foto, a atual Praça das Muriçocas, no coração do Miramar

Sérgio Botelho – Como se sabe, a abertura da Epitácio Pessoa foi de fundamental importância para a expansão da urbe pessoense no rumo do seu litoral. Mais do que a abertura, foi a sua pavimentação na década de 1950. Uma das marcas dessa época foi o loteamento da área da cidade até então conhecida como Imbiribeira, e que passou a se chamar Jardim Tambauzinho. Outra, a construção do Jardim Miramar.
Fui pesquisar e consegui saber que o costume de dar nome de “Jardim” a bairros surgiu com o urbanismo moderno, especialmente no início do século XX, inspirado no conceito de “cidade-jardim”, criado pelo inglês Ebenezer Howard. A ideia era unir o melhor da cidade e do campo, com ruas arborizadas, praças e moradias mais saudáveis.
No Brasil, esse modelo influenciou loteamentos planejados, que adotaram o nome “Jardim” seguido de algo atrativo — como uma flor, um nome feminino ou até uma referência geográfica — para passar a imagem de tranquilidade, natureza e qualidade de vida.
Nesse sentido, na edição de 21 de outubro de 1952, de A União, sob o título “A Cidade Sobe”, uma nota festejava a marcha urbana da capital na direção das praias “em busca da brisa solta e das paisagens mais amplas da orla litorânea”, segundo o texto, sob a responsabilidade do próprio jornal.
A notícia tratava do loteamento do “futuro Jardim Tambauzinho”, conduzido pelo governo paraibano, a quem o sítio pertencia, por meio do Banco do Estado, tendo sido “grande o interesse despertado junto aos proprietários em adquirir um terreno naquele setor da urbe, para edificação de uma casa residencial, num ponto que mais tarde será considerado o melhor de toda a cidade”, considerava o texto. A nota realçava ainda o fato de já terem sido vendidos 700 dos 1.200 terrenos do loteamento.
Apesar de firmada entre as décadas de 1920 e 1930, apenas com a sua pavimentação, naquele início da década de 1950, é que a Epitácio Pessoa passou a significar, mais efetivamente, a ampliação da capital paraibana no rumo do mar (lembrem-se que a cidade foi inaugurada cerca de 350 anos antes disso).
Na área em que hoje se encontra Tambauzinho, conhecida como Imbiribeira, funcionava o Campo de Aviação, justamente, como sugere a denominação, o nosso aeroporto da época. Também na década de 1950 é que foi construído, na região, o I Grupamento de Engenharia, no terreno onde funcionara a Escola Agropecuária da Imbiribeira.
Naquele momento, em ponto mais à frente, na Epitácio, o Montepio do Estado e a Caixa Econômica estavam construindo o Jardim Miramar, o destacado bairro que hoje representa uma das áreas mais nobres, do ponto de vista arquitetônico e de valor em dinheiro por m², então, um pretenso, depois consolidado, conjunto habitacional.
Em marcha batida, a cidade se expandia rumo às praias. Hoje, Tambauzinho e Miramar são, apesar da importância de ambos, apenas partes da imensidão que representa o Leste pessoense e suas muito vastas adjacências.

Sérgio Botelho  – Jornalista e escritor

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