PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS – O painel de Flávio Tavares, no Varadouro
Sérgio Botelho – Há um belo painel de Flávio Tavares, a necessitar de cuidados reparadores urgentes, no prédio originalmente construído para o funcionamento da Fábrica de Cigarros Popular, no final da Gama e Melo. (Até já falamos sobre a importância econômica dessa fábrica, na primeira metade do Século XX, que teve início na Maciel Pinheiro).
O mesmo prédio que após a desativação da empresa passou a sediar a Prefeitura Municipal de João Pessoa. A obra reproduz cena rica em detalhes do Varadouro, um dos bairros mais antigos e historicamente importantes de João Pessoa. Ele retrata a vida e as atividades ribeirinhas que ocorriam em torno do porto local, mostrando a interação entre os moradores e a natureza ao longo do rio. É possível observar figuras envolvidas em diversas atividades, como comércio, pesca e convivência comunitária.
A obra captura o espírito da região, onde o referido porto servia como um ponto central de comércio e interação social. Há representações de barcos, mercados ao ar livre e cenas que evocam sensação de nostalgia, trazendo à memória um tempo em que a vida girava em torno das águas do rio e das trocas culturais e econômicas proporcionadas por ele. Flávio Tavares utiliza elementos visuais que ressaltam a arquitetura histórica do bairro e o cotidiano das pessoas, evidenciando a riqueza cultural e memorial do Varadouro. Esse tipo de arte pública serve como um importante meio de preservação da memória e da identidade cultural de João Pessoa, ligando os espectadores às raízes da cidade e aos costumes tradicionais associados ao rio e à vida ribeirinha.
A conservação deste painel, no próprio Varadouro, faz parte daquilo que sempre defendemos, ou seja, o fortalecimento da identidade local e do vínculo comunitário, que podem se reconhecer nas figuras e cenários representados. Em um mundo onde o passado é muitas vezes esquecido em prol da modernização, a preservação de obras como esta assegura que a história de João Pessoa continue a ser contada e celebrada, lembrando a todos das raízes culturais que deram régua e compasso à cidade.
Sérgio Botelho – Jornalista e escritor