COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS – Ensejos republicanos

Rua Nova (foto atual) foi endereço do clube.

Sérgio Botelho – No dia 21 de julho de 1903, intelectuais paraibanos, por meio de memorial ao Conselho Municipal da cidade, solicitava que fosse substituído o nome da rua da Misericórdia pelo de Peregrino de Carvalho, jovem herói da Revolução de 1817, episódio que ainda não havia completado 100 anos. O objetivo foi alcançado e, até hoje, a referida via, cujo trajeto começa na antiquíssima Igreja da Misericórdia e vai até a Praça Pedro Américo, atende pelo nome do revolucionário nascido na cidade de Parahyba. Puxei o assunto para falar um pouco sobre um tal Club Benjamin Constant, criado em 1899, a homenagear um militar brasileiro, nascido Benjamin Constant Botelho de Magalhães, em Niterói, de muita importância na implantação da República, no Brasil. Militante contra a Monarquia, a partir de certa etapa de sua vida, participou destacadamente da proclamação do novo regime, se tornando ministro da Instrução Pública, e empreendendo reforma educacional no sentido dos novos valores positivistas em voga. Embora a Paraíba não seja exatamente um estado onde as ideias republicanas tenham resultado em ações relevantes antimonárquicas (a não ser pelos paraibanos que não residiam, no estado), o advento da República fez surgir alguns grupos de estudo e ação intelectual, na cidade, como foi o caso do Benjamin Constant, cujos sócios se ocupavam em cultivar a literatura, a ciência e o civismo, além de reverenciarem as lutas pela independência no correr da nossa história, como a de 1817. Naturalmente, por conta do privilégio no acesso à educação, esses clubes eram formados por gente da elite paraibana. Porém, importante registrar que o referido clube chegou a reunir crianças pobres com “o nobilitante intuito de espancar as trevas da ignorância d’aquelles cérebros infantis, procurando fazer d’aquellas crianças, os futuros cidadãos conscienciosos (…) por isso que poder-se-ia dizer que a Parahyba já possui um pequeno orphanato”. O anúncio do Benjamin Constant, publicado em A União, datado de 16 de novembro de 1906, bem revela os novos ardores cidadãos que a República começava a ensejar.

Sérgio Botelho  – Jornalista e Escritor

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