COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS – Rua Cardoso Vieira; quem foi ele?

A imagem à esquerda é de Cardoso Vieira, conforme consta no currículo exibido pela Academia Paraibana de Letras. À direita, foto da rua Cardoso Vieira, em João Pessoa, clicada por Marcos Estrela, sempre positivamente ocupado em registrar as coisas da Paraíba.

Sérgio Botelho – Imagine um negro que viveu e morreu dentro do regime monárquico e escravista, numa região fora do circuito mais desenvolvido do Brasil – portanto, onde os preconceitos tendem a ser mais fortes -, e que, além disso, existiu muito brevemente (faleceu com apenas 32 anos), mas, apesar de tudo, alcançou notoriedade e respeito, perante sua geração e as subsequentes, nomeando rua de destacada inserção na história urbana de João Pessoa, além de ter sido designado, mesmo décadas após a morte, como patrono de uma das cadeiras da Academia Paraibana de Letras. Pois bem, esse homem existiu na Parahyba do Norte, nascido em Jacoca (atual Conde). O ilustre cidadão chegou ao que hoje tem o nome de deputado federal, pela Paraíba, no Império. Ele se chamava Manoel Pedro Cardoso Vieira tendo vivido entre os anos de 1848 e 1880. Além da rua com o seu nome (paralela às da Areia e Gama e Melo), em João Pessoa, receptora de todo o tráfego que escoa pelo viaduto da Miguel Couto, na direção da cidade baixa, ele também denomina vias urbanas importantes nos Centros de Santa Rita e Campina Grande. Poeta e orador, Cardoso Vieira foi eleito deputado geral em 1878, aos trinta anos, alcançando destacada participação nos debates da Assembleia Geral, no Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, principalmente quando o tema girava em torno da abolição da escravatura, em favor da qual se batia ardorosamente na companhia de um seu admirador e parceiro de lutas chamado Joaquim Nabuco. Para atingir tal grandeza, estudou no Lyceu Paraibano e na elitista Faculdade de Direito do Recife (cumpre dizer que seu pai, conservador e dono de escravos, era proprietário de engenho em Jacoca). Além de advogado, Cardoso Vieira foi professor concursado do Lyceu e brilhante jornalista, com presença cativa nas páginas do jornal local O Despertador (no Rio, colaborou com outros), órgão do Partido Liberal, justamente a agremiação política que o escolheu para fazer parte da chapa paraibana à Assembleia Geral, na legislatura entre 1878-1881, em detrimento de brancos ilustres da época. Manoel Pedro Cardoso Vieira faleceu em 1880, vitimado por um surto de febre no Rio de Janeiro, no cumprimento do já referido mandato de deputado geral, a serviço do estado, portanto. Um brilhante paraibano, sem dúvida alguma!

Sérgio Botelho – Jornalista e Escritor

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