O Grito de Independência pintado na Cruz -Peroração por Eri Alves
Em 29 de abril de 1843 nasceu em Areia, região do brejo, Pedro Américo, um dos mais ilustres filhos da Paraíba, que por meio da habilidade com o pincel, desenhou os contornos da fama, tornando-se um dos mais brilhantes artistas na história da arte plástica mundial. Foi o paraibano, que em 1888, pintou O Grito do Ipiranga, obra conhecida em quase toda terra. O quadro de 4,15 metros de altura por 7,60 metros de largura, retrata o suposto momento da bravata de Dom Pedro I, que ao bradar “Independência ou Morte”, isso em 7 de setembro de 1822, tornou o Brasil independente do domínio de Portugal. O grito do príncipe regente é a bravata do dúbio herói nacional, em um quadro só, de um único pintor, feito sob a narrativa contada pelos próprios dominadores da época. O grito às margens do Ipiranga, sendo real ou não, não foi o suficiente para tornar livres homens negros dos grilhões da desumanidade, e nem libertar da pobreza, miseráveis sertanejos, castigos pela fome nas longas estiagens no nordeste brasileiro. Voltando a um tempo mais distante, possivelmente há dois mil anos, um outro príncipe também deu um brado de liberdade. A cena também foi desenhada e pintada por vários pintores, famosos e anônimos, que retrataram na obra o mesmo cenário, sob um único enredo. Na obra de arte, o herói não estava sob um cavalo, liderando um exército. Na realidade, o que os pinceis dos artistas capturaram foi um homem pregado em um madeiro, estaca extraída na lavra da maldade romana, sob a vigilância de sarcásticos algozes. Ali, apenas algumas mulheres choravam. O rei estava só e ferido, atacado pela zombaria. A humilhação tão cruel, que foi impossível ao mais hábil pintor, retratar singular cena. Em meio ao desprezo, quando parecia sem forças, encontrou o último fôlego para dizer: Tetelestai – Está tudo consumado”. O Jesus na cruz, em quadro artístico, se eternizou no quadro da história humana, mas o seu grito por liberdade, ecoa, ainda hoje, nos corações, produzindo esperança até ao mais ignóbil ser humano. Pela imagem pintada é até possível perceber o sofrimento, por outro lado, a voz de Cristo declarou de fato e de direito libertação aos homens cativos. Em amor, Jesus disse: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. (João 8:36). O apóstolo Paulo entendeu bem o que seria o homem livre na mensagem de Cristo ao asseverar: Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. (Colossenses 1:13-14). Ser livre por Jesus é o mesmo que encontrar a paz e o sentido da vida. É ser encorajado a viver plenamente, até mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis. Ainda que os regimes totalitários calem a boca dos dominados, ainda que sejam privados de ir e vir, mesmo assim, é livre o que foi libertado por Cristo, nosso Senhor. Ainda que o corpo seja trucidado, o Rei de Justiça, o fará viver em liberdade. O grito de Jesus na cruz, jamais silenciado, foi eficaz, totalmente capaz para libertar os homens da morte, produzida no pecado. Seja livre.