Jornalistas-pesquisadores realizam 3º encontro sobre enfrentamento da crise profissional
O terceiro encontro do Projeto Enfrentamento da Crise da Profissão de Jornalista (Enprojor) acontece nesta terça-feira (10/01), às 19h, por teleconferência. A iniciativa envolve o Coletivo de Jornalistas de Macaé e Região e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), em Campos dos Goytacazes (RJ). Representantes das duas entidades formaram uma “comunidade de pesquisa e prática” para enfrentar a crise profissional. A equipe reuniu-se via Googlemeet, no último dia 10 de outubro, e já havia tido um primeiro encontro em 5 de julho.
“Após divulgarmos nosso relatório entre trabalhadores da imprensa, publicamos amplamente nas redes sociais, dado o interesse público pelo resgate do jornalismo, tão atacado pelo neotecnofascismo”, afirma o coordenador da pesquisa, Marcello Riella Benites. Segundo ele, o projeto tem um recorte acadêmico configurado ao Norte Fluminense, mas está aberto a interessados de outros estados. “Temos identificado uma grande semelhança nas situações, na identidade e no discurso dos colegas de todo o Brasil”, explica.
Os jornalistas que quiserem comparecer à teleconferência podem entrar em contato pelo email: marcello@
Pós-graduado em Assessoria de Imprensa, mestre em Cognição e Linguagem, Marcello Benites é jornalista concursado da Câmara Municipal de Macaé e autor do livro “A origem do Mídia Ninja no discurso dos jornalistas”.
Segundo o professor Sérgio Arruda, do Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem (PGCL), os jornalistas enfrentam uma segunda crise. “Esses trabalhadores têm um ethos iluminista impactado há muito pela exploração do mercado e, mais recentemente, pelas novas tecnologias, de forma que seu papel vem sendo reduzido drasticamente”, diz o pesquisador que orienta Marcello no doutorado do PGCL.
INSTITUIÇÕES JORNALÍSTICAS – Presente nos dois primeiros encontros do grupo de pesquisa, Mário Sousa, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, com sede em Niterói, lamenta o fim da exigência do diploma para o exercício do ofício. “Foi um enorme retrocesso que levou à pré-história da nossa profissionalização”, afirma. A determinação foi feita em 2009, pelo STF, e é vista como influência do patronato sobre os ministros, para enfraquecer a luta por melhores condições de renda e trabalho.
O idealizador do Enprojor, no entanto, é um entusiasta. “Não se trata de romantismo ou otimismo simplista. Realizo desde 2012 estudos acadêmicos no sentido de empoderar os colegas, diferenciando-os das empresas e dos patrões”. Segundo ele, a ideia do projeto é realizar reuniões com jornalistas até constituírem forte vínculo de solidariedade profissional.
Além do já citado Mário Sousa, representando o sindicalismo estadual, a pesquisa despertou o interesse de mais alguns líderes de entidades jornalísticas como o conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Marcelo Auler. Outros foram o presidente e o diretor de cultura da Associação Campista de Imprensa (ACI), Wellington Cordeiro e Cassio Peixoto, respectivamente.
ANÁLISE DO DISCURSO – Os depoimentos gravados dos participantes serão estudados pela abordagem chamada Análise do Discurso (AD), de origem francesa.“É como se colocássemos nossos discursos no divã, admitindo que não somos autores totais do que falamos, mas que com frequência são mais a nossa cultura e nossa ideologia que nos interpelam a falar o que dizemos”, conta o pesquisador.
Marcello propõe ainda a metodologia da Pesquisa-ação, e inspirou-se nos estudos do Grupo Produção e Sustentabilidade em Jornalismo (GPS-Jor), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A sigla GPS é proposital. Simboliza uma orientação de rumo aos profissionais. O GPS-Jor reuniu jornalistas e outros parceiros da produção e consumo de conteúdo midiático, e realizou debates públicos e pesquisas qualitativas e quantitativas.
Outra vertente da investigação será o aprofundamento teórico. “Nosso objetivo é que cada integrante da comunidade de pesquisa e prática seja, se assim desejar, um agente social e um pesquisador, também da teoria. Então, não haverá um coordenador, mas uma comunidade de pesquisa e prática”, diz ele.
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