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ANITA PRESTES: MEMÓRIA E RESISTÊNCIA

A Rádio Tabajara tem produzido uma série especial intitulada Tabajara Conta a História, que aborda acontecimentos marcantes do Brasil, ajudando o ouvinte a compreendê-los dentro do contexto sociopolítico, econômico e cultural de cada época. Os programas reúnem relatos de pesquisadores, estudiosos e protagonistas de eventos documentados, promovendo um mergulho instigante no passado e estimulando um olhar crítico sobre nossa trajetória histórica. O objetivo é resgatar memórias culturais e afetivas fundamentais para entendermos as experiências pretéritas de nosso povo.

Nesta semana, o destaque é uma entrevista exclusiva da historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes e Olga Benário, concedida à Rádio Tabajara e ao jornal A União. Em sua fala, Anita relembra episódios centrais da história republicana brasileira, em que seus pais tiveram participação decisiva, sempre vinculados à luta política, à revolução e à resistência. Ela critica as tentativas de falsificação dessa experiência e defende o legado do Cavaleiro da Esperança e de seus companheiros.

A historiadora ressalta a trajetória de Luís Carlos Prestes, que liderou a marcha militar contra a República oligárquica entre 1925 e 1927, na célebre Coluna Prestes, e sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro, cuja militância resultou em anos de prisão. Recorda também o destino trágico de Olga Benário, deportada pelo governo Getúlio Vargas para a Alemanha nazista, onde foi executada em um campo de concentração, tornando-se símbolo da resistência antifascista e da luta por justiça social. Anita narra ainda sua própria história: nascida em solo alemão, foi resgatada ainda bebê pela avó paterna e viveu no México até os oito anos de idade, reencontrando o pai apenas em 1945, quando este deixou a prisão.

Ao falar de sua mãe, Anita enfatiza: “A Olga, minha mãe, foi um caso, mesmo na Alemanha, em que foram assassinadas milhões de pessoas, que ficou bastante conhecida pelo fato de ser a esposa do Prestes. Inclusive, ela foi extraditada do Brasil junto com outra companheira alemã que estava aqui, também revolucionária, a Elise Ewert. E quase ninguém fala na Elise Ewert, por quê? A Elise Ewert não foi menos heróica do que a Olga. Inclusive foi barbaramente torturada aqui no Brasil. O Prestes e a Olga não foram fisicamente torturados, porque o Prestes já tinha um prestígio mundial muito grande”.

Com suas memórias políticas, Anita resgata fatos relevantes do passado brasileiro e os relaciona com reflexões sobre o presente. Seu depoimento oferece uma visão mais ampla de episódios muitas vezes omitidos ou distorcidos, contribuindo para a compreensão das lutas, perseguições e formas de resistência que marcaram nossa história. Segue ativa na militância, pesquisando, publicando obras de referência para a historiografia nacional e participando como palestrante em eventos nos quais divulga suas ideias e críticas, sempre com horizonte voltado para o socialismo.

O programa foi ao ar ontem pela Rádio Tabajara e permanece disponível nas plataformas de áudio da EPC – Empresa Paraibana de Comunicação. A entrevista completa também será publicada em edição especial do jornal A União no próximo domingo.

Rui Leitão

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