Acordo entre Israel e Hamas pode redefinir relações internacionais e impactar América Latina
O acordo de cessar-fogo firmado nesta quinta-feira (9) entre Israel e o grupo Hamas, após quase dois anos de conflito na Faixa de Gaza, repercutiu em todo o mundo e pode influenciar diretamente as relações diplomáticas e econômicas com países da América Latina, inclusive o Brasil.
Mediado por Estados Unidos, Egito e Catar, o pacto prevê a libertação de reféns israelenses, troca de prisioneiros palestinos e retirada parcial das tropas israelenses de Gaza. Também estão incluídas medidas para garantir entrada de ajuda humanitária e início da reconstrução de áreas devastadas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o acordo como “um passo essencial para restaurar a esperança em uma paz duradoura no Oriente Médio”. No entanto, especialistas alertam que o pacto ainda é frágil e depende da disposição das partes em cumprir os compromissos firmados.
Impactos na América Latina
Para o Brasil, que mantém relações diplomáticas tanto com Israel quanto com a Autoridade Palestina, o cessar-fogo representa a retomada de canais de diálogo interrompidos desde 2023. O Itamaraty divulgou nota saudando o acordo e defendendo a “solução de dois Estados como único caminho viável para uma paz sustentável”.
Na América Latina, países como Chile, Colômbia e Bolívia — que haviam cortado laços diplomáticos ou congelado acordos com Israel — avaliam retomar relações bilaterais, o que pode influenciar negociações comerciais e estratégicas.
Além disso, a estabilização da região tende a reduzir a pressão sobre o preço internacional do petróleo e fertilizantes, produtos essenciais para a economia agrícola brasileira.
Desafios pela frente
Apesar da trégua, analistas destacam que o acordo não resolve o impasse sobre o controle político e militar de Gaza, nem o desarmamento do Hamas, pontos considerados cruciais para uma paz duradoura. Dentro de Israel, parte da coalizão governista também expressou resistência ao pacto, o que pode gerar instabilidade política interna.
O que esperar
Se mantido, o cessar-fogo pode abrir espaço para uma nova rodada de negociações de paz sob supervisão internacional, com envolvimento de potências regionais e apoio de blocos multilaterais como a ONU e a União Europeia.
Para o Brasil e a América Latina, o momento é visto como uma oportunidade de reforçar o papel diplomático e defender o diálogo como instrumento de resolução de conflitos globais.