O Cruzadinho: Entre o Desgaste Econômico e a Pressão Eleitoral

Em julho de 1986, o otimismo inicial do Plano Cruzado I começou a se esgotar. O congelamento de preços, ao mesmo tempo em que mascarava a inflação, provocava escassez de produtos e aumento do consumo. A economia brasileira, ainda frágil, não sustentava os efeitos dessa política.
Para tentar contornar a crise sem comprometer os resultados eleitorais, o governo Sarney lançou o chamado “Cruzadinho”, um pacote fiscal com caráter emergencial. O nome popularizou-se rapidamente: empréstimos compulsórios sobre gasolina e automóveis, impostos sobre passagens internacionais e compra de moeda estrangeira. Tudo para conter a sangria nas contas públicas e resgatar a confiança no projeto econômico.
No entanto, os resultados foram frustrantes. A economia não esfriou, as reservas internacionais despencaram e a expectativa do descongelamento apenas estimulou a demanda.
Seis dias após a vitória eleitoral do PMDB e a formação da Assembleia Constituinte, um novo plano seria anunciado. O país mergulharia no Plano Cruzado II — uma tentativa de ressuscitar a esperança econômica que nascia, aos poucos, na transição da ditadura para a democracia.
Rui Leitão

