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Tatuagem íntima, banheiro de boate, troca de prisão e advogado de Messi: o caso Daniel Alves ponto a ponto

FOTO: RUBENS CHIRI/SÃO PAULO

Por G1 – Preso desde a semana passada, o jogador Daniel Alves está no centro de um escândalo de repercussão mundial. Aos 39 anos, e até então atleta do Pumas do México (que rescindiu o contrato após o caso vir à tona), ele está sendo acusado de estupro e agressão sexual na Espanha.

A denunciante é uma jovem espanhola de 23 anos, que não teve a identidade divulgada. Ela, que fez a denúncia em 2 de janeiro, quando as investigações começaram. Ela afirma que foi estuprada por ele no banheiro de uma boate em Barcelona. Segundo a imprensa espanhola, a jovem chamou o segurança da boate, foi ao hospital e os exames confirmaram o estupro.

Nesta terça-feira (24), um jornal espanhol informou que a jovem estava na boate com uma prima e uma amiga. Uma dessas jovens disse que o jogador botou as mãos em suas partes íntimas (leia mais abaixo).

Entenda o caso, ponto a ponto:

Banheiro da boate

 

Segundo a denúncia, tudo aconteceu em uma boate de luxo de Barcelona no dia 30 de dezembro. A mulher disse que Daniel a agrediu e estuprou no banheiro da área VIP do local. Ela afirma que foi seguida por Daniel Alves ao ir ao banheiro, que é unissex, por volta das 4h da manhã.

Ela disse que foi forçada por Daniel Alves a sentar no seu colo. Afirma também que, ao resistir, foi jogada no chão, esbofeteada e forçada a fazer sexo oral nele. Imagens da boate mostram que a mulher ficou cerca de 14 minutos no banheiro, enquanto Daniel Alves ficou 16.

Mudanças no depoimento e declarações contraditórias

 

Quando o caso veio a público, Daniel Alves, ainda solto, negou as acusações e disse que não conhecia a mulher. “Quando você vai ao banheiro não tem que perguntar quem está lá para usar o banheiro. Não sei quem é essa senhorita, nunca a vi”, disse o jogador a uma TV espanhola.

Depois, à juíza do caso, ele afirmou que houve relação, mas consentida. O depoimento de Daniel Alves foi considerado contraditório, enquanto o da mulher foi classificado como sólido.

Prisão – A Justiça espanhola determinou prisão preventiva e sem fiança para Daniel Alves no dia 20 de janeiro. De início, ele foi levado para uma penitenciária a 25 km de Barcelona. De acordo com a lei espanhola, o jogador pode ficar preso dois anos até o julgamento. Se esse tempo todo passar sem que o caso seja concluído, ele poderá aguardar em liberdade.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o advogado Alamiro Velludo, professor de Direito Penal da USP, disse que a Justiça espanhola tende a ser bastante rígida em acusações como essa. “Ou seja, são acusações em que, tradicionalmente, a palavra da vítima é uma palavra muito importante, é uma palavra determinante”, disse Velludo.

Recusa de indenização

 

De acordo com a juíza responsável pelo caso, a mulher que acusa Daniel Alves afirmou que não quer receber indenização financeira, caso o jogador seja condenado. Segundo o jornal “El País”, a denunciante afirmou que abriu mão do direito a ser indenizada pelas lesões e danos morais sofridos, porque espera que seja feita justiça e que o atleta pague com prisão pelo ocorrido.

Tatuagem íntima

 

Uma tatuagem íntima motivou contradições no depoimento de Daniel Alves. Fontes do jornal “El Mundo” relataram que, em seu depoimento perante a juíza, a mulher disse que viu a tatuagem de uma meia-lua no abdômen de Daneil Alves próxima à cintura quando o jogador tentou forçá-la a fazer sexo oral e ela resistiu. Questionado sobre a tatuagem pela juíza, ele apresentou versões diferentes da história.

Na 1ª versão, Daniel Alves reconheceu ter uma tatuagem de meia-lua no abdômen e disse que foi a jovem que o atacou enquanto ele estava sentado no vaso sanitário.

Ao ouvir o depoimento do jogador, a juíza afirmou que, se o que ele estava dizendo fosse verdade, a vítima nunca poderia ter visto a tatuagem, porque sua camisa estaria tampando o desenho. O jogador, então, se contradisse, apresentando outra versão dos fatos.

Na 2ª versão, o atleta declarou que se levantou quando a jovem entrou no banheiro, o que lhe permitiu ver a tatuagem. Nesta versão, o jogador disse que a relação sexual entre os dois foi consentida.

Transferência de prisão – Por questões de segurança, Daniel Alves foi transferido de prisão nesta segunda-feira (23). O jogador foi enviado ao presídio de Brians 2, a cerca de 40 quilômetros de Barcelona, para evitar risco à sua integridade física. Segundo a Secretaria de Justiça do governo da Catalunha, não houve nenhuma ameaça, e a transferência é preventiva.

Brians 2, que fica no mesmo complexo onde o brasileiro já estava desde sexta-feira (20), tem menos presidiários, a maioria já condenada. Segundo o jornal catalão “La Vanguardia”, ele ficará em uma cela individual com banheiro.

Advogado de Messi – Em busca de uma nova estratégia de defesa, Daniel Alves contratou um dos advogados penalistas mais conhecidos da EspanhaCristóbal Martell passou a integrar nesta terça-feira (24) a defesa do jogador e prepara um recurso que deve ser apresentado ainda nesta terça à Justiça local pedindo que ele responda pelo caso em liberdade.

Martell é conhecido por conseguir acordos judiciais e ter defendido casos famosos e midiáticos na Espanha, como o do jogador argentino Lionel Messi, acusado de fraude fiscal quando jogava no Barcelona.

Messi acabou condenado a 21 meses de prisão no caso, mas não cumpriu pena por uma brecha na lei espanhola, que permite liberdade a condenados a menos de dois anos de prisão sem antecedentes criminais.

Nova lei sobre violência sexual

Um dos grandes desafios da defesa de Daniel Alves é a nova lei contra a violência sexual aprovada na Espanha no fim do ano passado.

Conhecida como “Solo sí es sí” (“Apenas sim quer dizer sim”, em tradução livre), a nova medida é focada no consentimento explícito da vítima, o que, neste caso, não foi feita, segundo a acusação.

Depoimentos de prima e amiga

 

O jornal espanhol “La Vanguardia” publicou nesta terça que a jovem de 23 anos estava na boate na companhia de uma prima e uma amiga. De acordo com a reportagem, uma delas disse em depoimento que Daniel Alves a tocou violentamente e colocou a mão em suas partes íntimas. A testemunha disse que conseguiu se safar e se afastar do jogador.

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