COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS – De volta ao Varadouro

Sérgio Botelho – De vez em quando a gente volta a abordar a região do Varadouro. Afinal de contas, estamos nos referindo à mais antiga área da cidade, que foi pisada pelo colonizador quando da conquista da Capitania da Paraíba. Quer dizer: onde a cidade nasceu. A visão que temos, por meio da foto que ilustra a matéria, captada a partir do Hotel Globo, é praticamente a mesma visão que tiveram os portugueses, do mesmo ponto geográfico, no que diz respeito ao rio e ao mangue em seu entorno. Sua ocupação remonta, portanto, ao período das capitanias hereditárias, sendo conhecida, no tempo, pelo papel que teve na formação da cidade. Por conta disso, a arquitetura do Varadouro reflete séculos da história de João Pessoa, com prédios que hoje se encontram em diferentes estados de preservação e uso. Os velhos armazéns, alguns em ruínas, contam a história dos períodos áureos da economia local e do cotidiano das famílias que ali residiam. Eles remetem à época em que o comércio fluvial, no Sanhauá, e, um pouco mais proximamente, ao capacitado pela linha férrea, desempenhavam papel de relevo na economia da cidade. A revitalização do Varadouro envolve não apenas a restauração dos prédios históricos, mas também a reocupação desses espaços por meio de atividades culturais, comerciais e comunitárias. Projetos de arte urbana e iniciativas de cunho cultural até têm sido realizados na região, buscando resgatar o valor memorial dessa parte de João Pessoa. Porém, o bairro pede por mais intervenções físicas que resgatem seu valor patrimonial e promovam o turismo. Embora, o propósito do turismo sustentável não deva ser negligenciado, por conta da proximidade com o rio Sanhauá, com naturais implicações ecológicas. Nesse sentido, a sustentabilidade desejada deve integrar a questão ambiental ao desenvolver projetos que incluam a preservação do rio e da vegetação ao redor. E, destacadamente, com respeito à cultura, à tradição e à sobrevivência dos povos ribeirinhos. O que importa saber, ao fim e ao cabo, é que o Varadouro tem de merecer atenção permanente, por conta de seu apelo turístico e significado evocativo.

Sérgio Botelho  – Jornalista e escritor

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