COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS – Capela de Santana do Gargaú

 

Foto: A União

Sérgio Botelho – Há dois templos católicos nos quais Dom Pedro II esteve durante sua visita, única na história, à Província da Parahyba do Norte (atual Estado da Paraíba), no Natal de 1859. De um deles, apenas resta a torre, visualmente agregada à construção secular que abriga a Faculdade de Direito, na atual Praça João Pessoa. Falo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que havia colada à parede do prédio onde até pouco tempo funcionava o Palácio do Governo e ao próprio edifício da atual faculdade, tudo, mais antigamente, domínio jesuítico. Ali, o segundo imperador do Brasil assistiu à Missa do Galo durante sua estadia na cidade da Parahyba (atual João Pessoa). Foi João Pessoa, quando presidente do estado, quem a derrubou para arejar o palácio com a construção do jardim onde hoje se encontram os restos mortais seus e os de sua esposa. A outra igreja, a Capela de Santana do Gargaú, com registro da passagem de Dom Pedro II, ainda existe, mas se encontra em ruínas. Neste sábado, dia 14, um oportuno vídeo produzido por Pedro Paulo Filmes veiculou belas e tristes imagens da velha igreja, sobre a qual, em 2020, escrevi um desses breves textos memoriais que costumo fazer. A capela foi erguida em terras do antigo Engenho Gargaú (assim chamado por conta do rio de mesmo nome), que, segundo descreve o portal Património de Influência Portuguesa (HPIP), da Fundação Calouste Gulbenkian, tinha como proprietário, na origem, Ambrósio Fernandes Brandão, autor dos Diálogos das Grandezas do Brasil. A presença de Pedro II na capela ocorreu durante seu trajeto a caminho de Mamanguape, naquela passagem de 1859 pela província. Na oportunidade, foi recebido pelo então proprietário do engenho, Joaquim Gomes da Silveira (este, um descendente do pioneiro Duarte Gomes da Silveira, que até já foi ventilado como primeiro proprietário do engenho, hoje sob dúvidas). Pelo que se vê no vídeo já referido, impressiona o estado de abandono a que está submetida a capela. Certo dia, relatam moradores, um caminhão encostou e levou tudo o que havia no interior da igreja: altar, santos, coro etc. O teto caiu, ficaram as paredes, em vias do mesmo destino.

Sérgio Botelho  – jornalista e escritor

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