COLUNASÉRGIO BOTELHO

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS – Ponte do Baralho

 

A foto mostra a velha Ponte do Baralho e o bem cuidado Bairro do Baralho em Bayeux. Crédito: Prefeitura Municipal de Bayeux.

Sérgio Botelho – A ligação entre o espaço geográfico que hoje se chama Bayeux, uma cidade entre as cinco mais populosas da Paraíba, e a atual cidade de João Pessoa, capital do estado, sempre aconteceu por meio de uma ponte sobre o rio Sanhauá, que divide as duas áreas, chamada Ponte do Baralho (mas também conhecida como Ponte de Bayeux ou Ponte do Sanhauá). A tradição oral diz que ‘do Baralho’ passou a ser apelidada por exatamente servir, em tempos longínquos e bem mais pacatos, como ponto de carteado a pescadores que viviam do rio e do manguezal. Em sua primeira versão, o engenho era de madeira, e apenas se prestava à passagem de gente, carroças e animais. Quando Dom Pedro II esteve na Paraíba, em 1859, e empreendeu visita a Santa Rita e Pilar, pôde então enxergar como era precária a situação. De volta à Corte, o monarca providenciou recursos para sua melhoria. Consumado o trabalho, a passagem sobre o Sanhauá somente cresceu em importância, entre os séculos XIX e XX. Mais tarde, já em concreto armado, embora sofrendo com as águas salgadas das marés do Atlântico, a ponte passou – então, no Século XX -, a ser uma cada vez mais movimentada ligação entre o interior do estado e a capital. Por lá trafegavam ônibus, caminhões e automóveis em direção a João Pessoa, vindos de municípios paraibanos situados nas diversas regiões do estado. (Milhares de pessoas, no decorrer do tempo, usaram a ponte para estabelecerem de vez moradia na metrópole). Mas também caminho para o trânsito regular, cada vez mais intenso, envolvendo João Pessoa, Bayeux e Santa Rita. Juntando tudo, entre a avenida Liberdade, principal rua de Bayeux, também conhecida como Corredor da Morte (onde havia grande número de acidentes, por conta da estreiteza da rua e da proximidade do meio-fio com as casas), e as ruas da República e Sanhauá, o movimento diário, indo e voltando, podia ser contado na casa dos milhares de veículos. Chegou a um estágio tal que aquela ligação teve de ser interditada, diante da alta possibilidade de um desastre com consequências inauditas. Foi quando, no limiar do Século XXI, a construção de uma nova ponte sobre o Sanhauá, e ainda de uma alça (a Nova Liberdade), estabelecendo moderna conexão viária entre Bayeux e João Pessoa, aposentou de vez a antiga Ponte do Baralho, que desde o ano de 2000 é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP). Para completar, uma nova e bem construída via, duplicada, entre a avenida Sanhauá e a BR-230, mudou de vez o tráfego entre João Pessoa e o resto do estado. Quem mais sofreu foi o Bairro do Baralho, em Bayeux, vizinho à ponte mantida, porém desativada, que viu despencar sua importância, e hoje sofre com o abandono. Não teve jeito.

Sérgio Botelho – Jornalista e Escritor

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