Quando o Combate à Corrupção virou Arma Política

A Operação Lava Jato surgiu como símbolo do combate à corrupção no Brasil e rapidamente conquistou apoio popular, impulsionada pela mídia e pela figura de Sérgio Moro. Contudo, com o tempo tornou-se evidente que seus métodos tinham viés político, voltados para criminalizar partidos e lideranças específicas, culminando na campanha de lawfare contra Lula, que resultou em sua prisão por 580 dias.
Inspirada no modelo punitivista da Operação Mãos Limpas, a Lava Jato violou princípios do Estado Democrático de Direito, atropelou o devido processo legal, manipulou provas e atuou fora de sua competência. Seus efeitos extrapolaram o campo jurídico: ao implodir setores estratégicos como construção civil, indústria naval e do petróleo e gás, gerando a perda de milhões de empregos e prejuízos econômicos de grande escala.
Em 2019, reportagens do The Intercept revelaram mensagens que comprovaram o conluio entre Moro e procuradores, desmontando a imagem de imparcialidade e expondo graves violações éticas e constitucionais. A recente decisão do ministro Dias Toffoli abre caminho para que os abusos sejam finalmente investigados e para que se avance na reforma das instituições de Justiça e do Ministério Público.
Os danos institucionais, econômicos e sociais deixados pela operação precisam ser analisados com rigor pelo STF, Congresso, PGR e CNJ, incluindo a responsabilização dos envolvidos, muitos dos quais migraram para o setor privado ou para a política. Além disso, a cooperação clandestina com órgãos estrangeiros feriu interesses nacionais.
Ao final, a Lava Jato perdeu a aura de credibilidade que a consagrou. Seu legado, longe de fortalecer a justiça, alimentou o discurso populista da extrema direita e influenciou decisivamente o cenário político de 2018, abrindo espaço para oportunismos e distorções.
Rui Leitão

